"bu" 07/05/2018;10:31h, 2af. atualize: cineminuto.com.br

“Barata 60”

A Glorinha sentou-se à mesinha de telefone e discou para o marido dela:
_ Alfredo; será que você poderia chamar uma dedetizadora?_
Uma baratinha que estava no rodapé escutou e saiu correndo para a quina da sala, onde havia um buraquinho imperceptível; esmagou-se muito e foi parar longe; no Baratol de baixo.
Contou a todas súditas e rainhas; sim, as baratas tem rainhas por quilômetro quadrado e a comunicação é tão rápida que contando aqui a rainha sabe alí; na mesma hora e conta para a outra; na língua das rainhas; que é diferente da língua das humildes mas nem tanto.

Uma rainha que estava enorme num baratol longínquo; se deslocou e veio ao de baixo.
Arrumaram um congresso deveras importante e passaram a seguir diuturnamente as visitas das firmas de dedetização.

A primeira foi aquela que garantiu que matava todas as baratas da casa em 15 dias mas Dona Glorinha achou que demoraria demais e não contratou.
A baratalhada respirou entrecortado pois estavam livres da matança mas só por 15 dias; que agonia! À essa altura; já tinha barata estressada, magra e que não fazia mais nada a não ser acompanhar o que se passava no andar de cima.
Dona Glorinha recebeu outra Firma; esta; representada por um bonito moreno que garantiu que a firma dele matava as baratas aos poucos; m pequenas fontes de saboroso veneno pelos cantos da casa.

Dona Glorinha achou que as fontinhas não eram bonitas e atrapalharia a empregada varrer.
O rapaz ainda tentou dizer que havia outras cores mas Dona Glorinha não arriscou as baratas; ora; as baratas são bichinhas muito sensíveis e não torceram pelo melar da coisa pois estavam mesmerizadas com o moreno. A rainha mais velha disse que as baratinhas não tinham juízo! Que elas só pensavam naquilo e que o momento era da mais severa gravidade.
Mesmo a barata mor da casa, abaixou as antenas que estavam super projetadas assoalho acima.

Veio a terceira firma e essa era de um velhinho que recomendou um método todo seu; que não manchava; não tinha cheiro e era super barato.
Glorinha se interessou.
As baratas adivinharam que era o método gesso com cerveja e começaram uma longa discussão a respeito do método proposto; umas se alegraram com a cerveja outras, abstêmias passaram a publicar fotos com o resultado horrível de baratas inchadas com cerveja e duras de gesso.
Médicas começaram a ser solicitadas a falar sobre as consequências mas só conseguiam animar as suicidas. Começaram a bolar métodos de separar o gesso do precioso líquido e pensar em boas vendas dos dois produtos em separado; o gesso poderia servir como calafetante e assim todas as baratas começaram a torcer pelo método do velhinho.

Foram todas para a fresta entre o rodapé e o assoalho e flagraram a Dona Glorinha com a mão no pescoço dizendo ao velho que não suportaria ver baratas mortas ou meio mortas pela casa.
O velhinho disse que era só ir pisando nelas e jogar no lixo. Glorinha quase caiu da cadeira!
Pronto! Perderam todo o trabalho articulado até ali.

O velhinho foi despachado com boa educação e as baratas tontas; famélicas; cheias de olheiras passaram a desmaiar de canseira.
Foi aí que chegou um Professor do laboratório da faculdade de Urutaí que obtivera verbas para um estudo refinado de extermínio de baratas via interrupção da reprodução.
O método estava em teste e obtivera ótimos resultados.
Dona Glória se interessou muitíssimo pois era uma mulher moderna e não queria sujeira.
A preço de promoção o método foi contratado.

Com o longo desmaio geral as baratas acordaram esquecidas e foram cuidar da vida.